A Revolução Francesa e a apatia política do brasileiro

Em quase todos os meus escritos, faço questão de destacar a importância do envolvimento do cidadão “comum” na esfera da política. De uma forma ou de outra, acredito que se o cidadão não se envolver na política de seu país, estará abrindo mão de um espaço político que, sem dúvida, será ocupado pelo Estado – para o bem ou para o mal. Nesse sentido, a expressão “participação política” deve ir além da mera presença na cabine de votação durante o período eleitoral, pois por participação política subentende-se não apenas o voto, mas também todo o processo preparatório ao voto, bem como a constante fiscalização e cobrança do político uma vez que ele é eleito – fatos estes que não acontecem, pelo menos de maneira generalizada, no Brasil. Por incrível que pareça, é possível traçar as origens de tal apatia brasileira na Revolução Francesa, que hoje, dia 14 de julho, comemora 220 anos, e no princípio ideológico que fundamentou aquela Revolução – qual seja, o princípio do liberalismo.

É inegável a contribuição da Revolução Francesa para a Humanidade: acabou com o sistema de Três Estados vigente durante a Idade Média, deu origem ao princípio dos Direitos Humanos atuais, deu garantias legais a todos os homens – com a criação do bordão de que “todos são iguais perante a lei” –, trouxe um pouco mais de liberdade para os indivíduos e, politicamente, deu origem à criação do conceito de “cidadão” como temos hoje. Esta lista é muito pequena e bastante aleatória: é claro que, devido ao curto tempo para escrever este texto, torna-me impossível listar todas as contribuições e consequências que a Revolução Francesa trouxe para o mundo.

Mas a Revolução Francesa trouxe uma conseqüência que, talvez à época, não fosse prevista: a apatia do indivíduo na participação política. Pode parecer um contra-senso, já que a Revolução deu a todos o direito de participar – e se ela criou este direito, como ela pode ter incentivado situação contrária a este direito? O raciocínio é simples e se fundamenta no pensamento liberal: a partir do momento em que todos se tornaram iguais perante a lei, todos “ganharam” os mesmos direitos e deveres políticos, e a partir daí, cada um faria o que quisesse com tais direitos e deveres. Se o cidadão vota ou não, é escolha dele; se o cidadão fiscaliza ou não, é escolha dele.

A igualdade estabelecida, entretanto, era apenas jurídica, e não econômica ou social. Sendo assim, claro está que se perpetuariam no poder – como aconteceu – aqueles que tivessem recursos suficientes para vencer uma eleição – mas com o argumento de que agora não iriam se impor por fazerem parte do 1° ou do 2° Estados, mas sim porque haviam sido “eleitos pelo povo”. Em longo prazo, tal situação deu origem à apatia política por um motivo simples: uma vez que o cidadão “comum” – agora com direitos jurídico-políticos garantidos, mas sem condições econômicas – percebeu que o voto dele não iria mudar muita coisa – pois os eleitos continuariam sendo os “poderosos” de outrora –, para que participar? Para que se envolver na política se ela continuaria sendo comandada por aqueles que sempre comandaram – tendo sido mudado apenas o método de escolha?

Quero deixar claro aqui que não sou daqueles que acham que o liberalismo – ou sua encarnação moderna, o neoliberalismo – seja um adjetivo pejorativo que deva ser usado para acusar alguém, como foi feito pelos opositores às privatizações brasileiras durante a década de 1990. Ao contrário, acredito que sem o pensamento liberal a chamada civilização ocidental – na qual o Brasil se inclui – teria evoluído muito pouco. Acredito também que o liberalismo foi fundamental para acabar com os domínios tradicionais e despóticos ainda presentes até o momento da Revolução Francesa – e, queiramos ou não, perpetuados após tal Revolução, inclusive no Brasil. Entretanto, penso que aqueles que acreditam que basta um Estado mínimo para que todos os problemas se resolvam estão equivocados, porque as pessoas se situam em patamares econômico-sociais diferentes e, por isso, têm condições econômicas diferentes que se refletem na política. É inegável que, para alguém “crescer na vida”, é necessário ter dinheiro, e sabemos que as condições para se ganhar tal dinheiro são bastante distintas de um indivíduo a outro. É neste sentido que condeno o liberalismo extremo, fruto da Revolução Francesa: se o Estado for extremamente mínimo, o indivíduo não irá se preocupar com a esfera política, pois para ele é mais importante comer – e para isso precisa-se de dinheiro – do que “perder tempo” – ou dinheiro – verificando a vida pregressa do candidato, do que “perder tempo” gastando seus parcos recursos fiscalizando e cobrando daquele que ele elegeu. Em resumo: se o Estado for extremamente liberal, o resultado, sem dúvida, é a apatia política e a falta de participação do cidadão.

Em quase todos os meus escritos, faço questão de destacar a importância do envolvimento do cidadão “comum” na esfera da política. De uma forma ou de outra, acredito que se o cidadão não se envolver na política de seu país, estará abrindo mão de um espaço político que, sem dúvida, será ocupado pelo Estado – para o bem ou para o mal. Nesse sentido, a expressão “participação política” deve ir além da mera presença na cabine de votação durante o período eleitoral, pois por participação política subentende-se não apenas o voto, mas também todo o processo preparatório ao voto, bem como a constante fiscalização e cobrança do político uma vez que ele é eleito – fatos estes que não acontecem, pelo menos de maneira generalizada, no Brasil. Por incrível que pareça, é possível traçar as origens de tal apatia brasileira na Revolução Francesa, que hoje, dia 14 de julho comemora 220 anos, e no princípio ideológico que fundamentou aquela Revolução – qual seja, o princípio do liberalismo.

É inegável a contribuição da Revolução Francesa para a Humanidade: acabou com o sistema de Três Estados vigente durante a Idade Média, deu origem ao princípio dos Direitos Humanos atuais, deu garantias legais a todos os homens – com a criação do bordão de que “todos são iguais perante a lei” –, trouxe um pouco mais de liberdade para os indivíduos e, politicamente, deu origem à criação do conceito de “cidadão” como temos hoje. Esta lista é muito pequena e bastante aleatória: é claro que, devido ao curto tempo para escrever este texto, torna-me impossível listar todas as contribuições e consequências que a Revolução Francesa trouxe para o mundo.

Mas a Revolução Francesa trouxe uma conseqüência que, talvez à época, não fosse prevista: a apatia do indivíduo na participação política. Pode parecer um contra-senso, já que a Revolução deu a todos o direito de participar – e se ela criou este direito, como ela pode ter incentivado situação contrária a este direito? O raciocínio é simples e se fundamenta no pensamento liberal: a partir do momento em que todos se tornaram iguais perante a lei, todos “ganharam” os mesmos direitos e deveres políticos, e a partir daí, cada um faria o que quisesse com tais direitos e deveres. Se o cidadão vota ou não, é escolha dele; se o cidadão fiscaliza ou não, é escolha dele.

A igualdade estabelecida, entretanto, era apenas jurídica, e não econômica ou social. Sendo assim, claro está que se perpetuariam no poder – como aconteceu – aqueles que tivessem recursos suficientes para vencer uma eleição – mas com o argumento de que agora não iriam se impor por fazerem parte do 1° ou do 2° Estados, mas sim porque haviam sido “eleitos pelo povo”. Em longo prazo, tal situação deu origem à apatia política por um motivo simples: uma vez que o cidadão “comum” – agora com direitos jurídico-políticos garantidos, mas sem condições econômicas – percebeu que o voto dele não iria mudar muita coisa – pois os eleitos continuariam sendo os “poderosos” de outrora –, para que participar? Para que se envolver na política se ela continuaria sendo comandada por aqueles que sempre comandaram – tendo sido mudado apenas o método de escolha?

Quero deixar claro aqui que não sou daqueles que acham que o liberalismo – ou sua encarnação moderna, o neoliberalismo – seja um adjetivo pejorativo que deva ser usado para acusar alguém, como foi feito pelos opositores às privatizações brasileiras durante a década de 1990. Ao contrário, acredito que sem o pensamento liberal a chamada civilização ocidental – na qual o Brasil se inclui – teria evoluído muito pouco. Acredito também que o liberalismo foi fundamental para acabar com os domínios tradicionais e despóticos ainda presentes até o momento da Revolução Francesa – e, queiramos ou não, perpetuados após tal Revolução, inclusive no Brasil. Entretanto, penso que aqueles que acreditam que basta um Estado mínimo para que todos os problemas se resolvam estão equivocados, porque as pessoas se situam em patamares econômico-sociais diferentes e, por isso, têm condições econômicas diferentes que se refletem na política. É inegável que, para alguém “crescer na vida”, é necessário ter dinheiro, e sabemos que as condições para se ganhar tal dinheiro são bastante distintas de um indivíduo a outro. É neste sentido que condeno o liberalismo extremo, fruto da Revolução Francesa: se o Estado for extremamente mínimo, o indivíduo não irá se preocupar com a esfera política, pois para ele é mais importante comer – e para isso precisa-se de dinheiro – do que “perder tempo” – ou dinheiro – verificando a vida pregressa do candidato, do que “perder tempo” gastando seus parcos recursos fiscalizando e cobrando daquele que ele elegeu. Em resumo: se o Estado for extremamente liberal, o resultado, sem dúvida, é a apatia política e a falta de participação do cidadão.

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