Poucas reuniões movimentaram tantas pessoas quanto a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), organizada pelas Nações Unidas em Copenhague.
Nunca tantas organizações não governamentais (ONGs) estiveram presentes em uma cúpula sobre o assunto quanto na 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), organizada pelas Nações Unidas na capital dinamarquesa.
Quarenta e seis mil pessoas queriam participar da segunda semana da conferência – o centro de convenções Bella Center, onde se realiza o evento, comporta, no entanto, somente 15 mil pessoas.
Devido ao grande afluxo, muitos foram barrados na entrada. Um contingente de ingressos foi reservado a ONGs e outros observadores. Quem não teve a sorte de conseguir um dos cobiçados tíquetes adicionais teve que ficar de fora.
ONGs são fonte de informação para delegações menores
Para muitas ONGs que foram em parte às próprias custas a Copenhague, a situação é mais do que frustrante. “Não podemos realizar nosso trabalho aqui”, reclamou um membro holandês da organização ambiental Amigos da Terra Internacional, uma das organizações que não puderam participar das negociações nesta quarta-feira (16/11).
Na cúpula, muitas das pequenas delegações governamentais são apoiadas por ONGs. Elas trocam entre informações, análises e observações. Países maiores participam com até 100 representantes – na própria delegação, há expertises para questões especiais.
Nações menores não dispõem de tais especialistas e dependem muitas vezes de importantes informações fornecidas por organizações não governamentais.
Secretariado do Clima surpreso com grande interesse
O Secretariado do Clima da ONU, responsável pela organização dos ingressos, admite abertamente que não contava com o afluxo de tantas pessoas. Algumas delegações governamentais tiveram que esperar até duas horas para que pudessem entrar no centro de convenções.
Tanto dentro quanto fora do Bella Center, a frustração se alastra. Muitos ativistas do clima, provenientes de todas as partes do mundo, nem querem entrar no prédio onde nos últimos dias da cúpula estão chefes de Estado e de governo. Seu objetivo é protestar em frente ao prédio, para fazer pressão sobre os políticos.
Poderes da polícia ampliados
Nesta quarta-feira, 2,5 mil pessoas conseguiram se aproximar do Bella Center. A polícia dinamarquesa deteve, no entanto, 250 manifestantes de forma preventiva. Os poderes da polícia foram ampliados especialmente para a cúpula do clima, de forma que ela pode deter pessoas preventivamente por até 12 horas.
A regulação é motivo de controvérsia também na Dinamarca. Com a detenção até agora de 1,5 mil pessoas, muitos são da opinião que a polícia está agindo de forma desmesurada.
Na grande passeata realizada no último sábado, foram detidas quase mil pessoas. Algemadas, elas ficaram expostas, em parte durante várias horas, ao frio da rua. Todavia, somente quatro pessoas foram presas. “Isso está fora de qualquer proporção”, critica Emilie Tage, membro da associação de ajuda legal Rusk em Copenhague.
A organização está abarrotada de queixas contra o procedimento da polícia. Rusk disse já ter pedido ao ombudsman do Parlamento dinamarquês que examine o caso.
Restrição da liberdade de expressão?
O grande interesse da sociedade civil à reunião parece ser um problema tanto dentro quanto do fora da cúpula do clima. Do lado de fora, a maior parte dos manifestantes quer expressar de forma pacífica seus medos em relação ao futuro, para fazer pressão sobre os políticos na parte de dentro.
No interior, as organizações, delegações e a imprensa presentes querem, em primeira linha, realizar seu trabalho: observar a cúpula, repartir e distribuir informações, relatar sobre o encontro considerado decisivo para o futuro global.
“O maior evento do mundo”
Com a presença de 45 mil pessoas de todo o mundo, que vieram a Copenhague através de delegações, ONGs e grupos de observadores, equilibrar segurança e transparência é e continua sendo um “difícil exercício de equilibrista”, afirmou o chefe do Secretariado do Clima da ONU, Yvo de Boer.
“Por um lado, estamos orgulhosos de sermos o maior e mais transparente evento mundial, por outro lado, garantir a segurança de todos é e continua a ser minha responsabilidade”, disse De Boer nesta quarta-feira, após alguns ativistas terem invadido a tribuna por curto espaço de tempo.
Para esta quinta-feira (17/12), está anunciado que o fórum no centro da cidade estará aberto para ONGs e outros eventos paralelos. Dessa forma, o afluxo ao Bella Center deverá diminuir.
Autora: Helle Jeppesen (ca)
Revisão: Roselaine Wandscheer
(Original aqui.)