Dilma Roussef usou os poderes e prerrogativas do cargo e veio à televisão, em rede nacional, para falar sobre educação, dizer que professor é importante, e que a educação é o principal instrumento para tirar famílias da miséria e fazer verdadeiramente rico um país.
Presidentes da República estavam devendo coisa assim há longos anos.
Fernando Henrique uma vez visitou uma escola no interior da Bahia. Os repórteres acharam graça em ver o presidente, intelectual famoso, conversando com uma professorinha modesta e crianças boquiabertas, e o episódio não deixou sequelas.
Fora isso, nunca se viu uma única demonstração de apreço oficial pelo tema. Até motorista do Itamaraty ganhou medalha – mas nunca se viu um professor ou professora condecorada pelo simples fato de ser professor.
Não era mais suficiente que pessoas interessadas se repetissem à exaustão em colóquios e nos jornais, era necessário transformar a educação em tema de atenção nacional.
E quando a presidente da República vem à televisão para dizer o que disse Dilma Roussef, a conversa muda de patamar.
Educação é importante: parece simples de entender, e é fácil não reparar. Dilma presidente repetiu, qualificou e conclamou todos a prestar atenção à educação, como tarefa comum – a autoridades, professores, famílias, mães e pais, crianças e jovens – cotidiana, mas sempre vital ao futuro de cada um e ao do país.
Essa atenção à educação não pode esmorecer. Tem que ser incorporada à consciência nacional como direito que nos cabe defender e zelar: o de aprender e de ensinar, parte da liberdade de pensar.
Não o fazendo, delegando-o a outros, nos oferecemos a ser conduzidos como manada.
Dizer isso, prestigiar a tarefa, discutir o assunto, respeitar quem a está realizando é um dever.
Índices e números desfavoráveis não podem desanimar nem justificar apenas críticas e reclamações. O que se planta hoje na sala de aula só é colhido décadas depois, quando se puder ver o resultado do que se fez ontem.
É árduo, complicado, e pode ser exasperante: mas não se pode desfazer da educação que se tem hoje a pretexto de melhorá-la amanhã.
O país tem as escolas que tem, os professores que tem. São os únicos disponíveis.
Dilma fez o papel que lhe cabia: colocou o assunto na agenda.
Mas a solução não está nas mãos dela: os autores de nossa educação somos nós, o país: diverso, enorme, diferente e vário.
O chamamento foi feito.
(Original aqui.)