Percebe-se a maturidade política de um país pela base. Ou seja, nas eleições municipais. Se os habitantes de uma cidade não sabem o que querem e não se interessam sobre as ideias e os afazeres de candidatos a vereador e a prefeito, como será que se enxergam como cidadãos? Talvez nem se enxerguem e achem tudo uma tolice.
Uma pena. Seria bom que se aproveitasse o clima pré-eleitoral para se pensar mais nas cidades e suas periferias. Sentindo-as como organismos vivos e dinâmicos, a exigir competência e criatividade de quem vai começar ou continuar a administrá-las. Ou a brigar por elas.
Obras municipais não são simples ou pontuais como se imagina. Têm a ver com uma anterior, com alguma posterior, com a do município vizinho… É só observar. Muitas pessoas moram num local e trabalham noutro, cruzando limites municipais banhados por um mesmo rio, cortados por uma mesma estrada ou linha férrea. Ou com vertentes da mesma montanha.
Que os caciques políticos se engalfinhem na escolha do candidato do partido, isso é lá com eles. Na disputa das convenções, eleitores não entram. Mas, cá fora, continuam valendo as coligações acima de tudo; com um olho no local e outro no nacional. Até porque um candidato à prefeitura geralmente é representado como um simples síndico de condomínio.
Lamentável se reduzir as funções de vereador e prefeito, que quase sempre acabam eleitos pela estampa, carisma ou popularidade. Não que precisem exibir um diploma específico, mas deveriam comprovar experiências que os qualificassem cada qual para sua função. Não dá para “estagiar” depois de eleitos. Embora seja o que mais aconteça.
Por que tantos candidatos? Para a maioria, Câmara ou prefeitura corresponde a um excelente emprego. Uma forma de ganhar dinheiro e prestígio, resolvendo a vida da família e de amigos. Aí ronda a corrupção. E a ofensa à democracia; brasileiros têm o direito de eleger (o voto não devia ser obrigatório) quem os representem de fato.
Como se não bastasse, “partidos-seitas” com líderes treinados para pescar cardumes eleitorais se replicam por este Brasil adentro. Eles costumam lançar redes de intolerância contra quem e o que estiverem em desacordo com suas crenças.
Partidos sérios precisam se mexer para conter a bola de neve que começa a se formar com os tais partidos.
Precisam mostrar que o dinheiro público não cai do céu; o diabo é corruptor e a salvação está em resistir a trapaças e subornos.