Veja Os mitos da globalização
Autor: Paulo Nogueira Batista Júnior
O autor considera que o próprio termo “globalização” é enganoso e só o utiliza entre aspas, “para marcar distanciamento e ironia”. A discussão da “globalização” é amplamente feita no Brasil, principalmente após a abertura econômica e do plano de 1994. Contudo, o debate quase sempre resvala na simplificação e na vulgaridade.
A globalização, sendo entendida como fim dos Estados nacionais, os quais estariam em um declínio irreversível, é um mito. Batista Jr. não nega o crescimento do comércio internacional e, principalmente, a velocidade do progresso técnico em informática, telecomunicações e finanças. Entretanto, o autor não considera a “globalização” nem tão nova e nem tão abrangente como se é dito, e muito menos irreversível.
Estas idéias paralisam as iniciativas nacionais. Segundo tais idéias, os Estados devem se curvar diante dos imperativos da nova economia global, e a “globalização” vira uma desculpa, sendo uma explicação para acontecimentos negativos, mascarando, assim, as responsabilidades dos governos.
O interesse pela “globalização” no Brasil vem da mudança da política econômica brasileira, desde Collor e, principalmente, após o Plano Real, que submeteu o Brasil de forma repentina à competição internacional. Tal abertura, associada a políticas macroeconômicas, a distorções no sistema tributário brasileiro e a deficiências na infra-estrutura econômica, se revelou destrutiva para muitas empresas nacionais.
A dependência de capitais externos e a vulnerabilidade a flutuações do contexto financeiro internacional trazem vulnerabilidade ao país. Desemprego, desnacionalização da economia e dependência de capitais externos não são resultados inexoráveis de um processo de “globalização”, mas derivam de políticas adotadas nacionalmente.
O autor destaca cinco “mitos” associados à assim chamada “globalização”:
- Mito número 1: de que a “globalização” é um fenômeno novo, constituindo-se em um processo irreversível. Mentira: na verdade, é um processo histórico que se desenrola desde o final do século XV.
- Mito número 2: de que a “globalização” produziu um sistema econômico fortemente integrado de caráter supranacional. Mentira: não há o alcance, muito menos o caráter universal.
- Mito número 3: em conseqüência da “globalização”, os Estados nacionais entraram em declínio. Mentira: há uma enorme distância entre o discurso neoliberal e a atuação (e possibilidade de atuação) real dos Estados.
- Mito número 4: a economia global é cada vez mais dominada por empresas transnacionais, livres de identidades nacionais. Mentira: a esmagadora maioria das empresas possui um forte caráter nacional.
- Mito número 5: Criou-se um mercado global de capitais poderosíssimo que ameaça os Estados nacionais e a efetividade dos Bancos Centrais. Mentira: estas duas instituições ainda são atores de enorme poder e importância, e ainda há preponderância dos mercados nacionais.
O autor passa, então, a explicar detalhadamente o por quê de cada “mito” destes estarem errados. Ele traz vários dados estatísticos, o que dá grande credibilidade ao argumento do seu texto.
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Um abraço a todos e até a próxima!
Prof. Matheus Passos