Carlos Robson
Com a controvertida visita de Armadinejad ao Brasil foram gerados muitos protestos e críticas, porém, as motivações em jogo na verdade não se enquadram na política nacional.
Para os israelitas, tudo é claramente motivado por sua política, e não pela nossa. No que tange os homossexuais, a crítica é puramente religiosa. E, para os que foram no vácuo, a reclamação é preconceituosa mesmo.
Aos que criticam, não importam os acordos comerciais e nem tecnológicos, aliás, para os EUA e Israel isso tudo é muito incômodo, pois um inimigo que estava quase isolado agora encontra “um palanque no Brasil”.
O professor Peter Demant, holandês, doutor em seu país sobre a colonização israelense, morou e pesquisou em Jerusalém, chegando ao Brasil em 1999, e desde então, leciona Relações Internacionais e História da Ásia na USP. Ele defende que o mundo muçulmano historicamente apresentou um comportamento muito mais tolerante para com suas minorias do que o mundo cristão com as minorias na cristandade.
Podemos lembrar que ambas as religiões são monopolistas da verdade, expansionistas que, em princípio, querem converter todo o resto do mundo. Contudo, o Islã aceita o Judaísmo e o Cristianismo como antecedentes legítimos de sua própria religião, como formas um tanto modificadas da mesma mensagem de Deus. Assim, essas religiões têm um papel reconhecido e protegido dentro de uma sociedade religiosa, resultando em uma tolerância – mediante certas desqualificações sociais, econômicas e outras.
É claro que sempre temos a tendência de desqualificar a política, a cultura e a religião alheias e esquecemos que a verdadeira democracia, baseada na res publica (coisa pública), com certeza é o sistema político mais seguro contra ditadores e injustiças sociais. Pelo menos, era assim que deveria ser.
Porém, na nossa atual política ainda é muito comum o abuso do poder econômico para comprar cargos públicos e é praxe nas campanhas se falar em quanto custa se eleger para um determinado cargo político. Digo isso para que possamos aperfeiçoar nosso sistema antes de criticar o sistema dos outros.
Mas, voltando a Ahmadinejad, aposto que se fosse o Rei Abdullah bin Abdelaziz, da Arábia Saudita, a vir aqui, ninguém faria esse absurdo que alguns fizeram com o iraniano. E Abdullah sim é um ditador monárquico (mas como ele é aliado dos EUA não passa nada).
Será que ninguém nesse mundo vê as injustiças que acontecem com o povo árabe? Os EUA invadem os países deles, saqueiam e querem controlar a política e, daí, quando algum país sai de seu controle, eles usam toda a mídia mundial para encapetar uma nação (por que essa é a realidade – criaram uma imagem super negativa dos árabes).
Há maior terrorista no mundo do que George Bush filho? Eu não duvido nada que ele possa ter manipulado facções extremistas e fomentado aquele ataque de 11 de setembro para se reeleger e, depois, de quebra, ter apoio do povo americano para sua guerra pessoal e corporativa, já que as empresas de sua família são concorrentes dos xeques do petróleo.
Depois disso, fica a maioria dos ocidentais de cultura de “robôs papagaios” só repetindo o que a mídia norte-americana diz.
Daí, no subconsciente das nações ocidentais fica o arquétipo de Rambo, ou de Schwarzenegger e de outros patetas fuzilando os demônios árabes, enquanto o mundo ocidental, embriagado pela fascinação cinematográfica norte-americana, aplaude e aplaude, até hoje, embevecido.
Os retratam como a polícia do mundo, mas, na verdade, os EUA não são a polícia do mundo, senão os sabotadores. A África está lascada muito por culpa do governo americano que apoiou ditadores nesses países (tal como fez na América Latina no passado).
Duvidas? Assista ao controvertido e premiado documentário, ao estilo de Michael Moore, que fala sobre a influência americana na Líbia e resto da Africa. Verás de maneira clara quem são os “policiais do mundo”…
Não morra sem ver isto!
(Original aqui.)