Marina melhora desempenho em debate da Record; Dilma e Serra não; Plínio fala de futuro
Os debates presidenciais sempre produzem pelo menos uma frase inesquecível. A desta noite foi dita por Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), aos 44 minutos do segundo tempo. Dirigindo-se ao eleitor, do alto dos seus 80 anos, tascou: “Não vote em mim por causa do meu passado; vote pelo meu futuro”.
A despeito das blagues e escorregões do candidato do PSOL, quem pode ter o que comemorar do debate da Record ocorrido nesta noite de domingo é Marina Silva.
A candidata do PV teve sua melhor atuação em toda a campanha e foi firme ao cutucar tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB). Sua participação pode ser resumida na frase que deixou o tucano sem reação: “Serra e Dilma são muito parecidos”.
Para quem vem subindo (lentamente) nas pesquisas, o bom desempenho no debate serve de combustível para sustentar a tendência. Talvez lhe renda mais alguns pontos nesta reta final. Uma parte desses eleitores deve vir de Dilma, e outra, eventualmente, de Serra.
E esse é também o seu problema: quando tira votos do tucano, o jogo é de soma zero no que se refere às chances de levar a eleição para o segundo turno.
Nem Serra nem Dilma conseguiram melhorar seus desempenhos em debates. Ela, por falar como o motor de um carro a gasolina que foi abastecido com etanol. Ele, por não despertar a empatia do público. Não que ambos não tenham se esforçado.
Serra não confrontou Dilma sobre os escândalos recentes, porque, como disse ao final do encontro, “quando tem muita pauleira, o espectador presta menos atenção no debate”.
É fato, mas mesmo sem pauleira, a audiência do programa, que começou com 13 pontos no Ibope, acabou com menos da metade, em quarto lugar no horário.
Mesmo sem ir bem, Dilma não perdeu. Ela jogou na retranca, tentando evitar tomar gols, sem procurar o ataque. E, principalmente, não perder a cabeça e tomar cartão vermelho – na metáfora de Lula. Conseguiu. Só no finalzinho, ante uma pergunta mais inconveniente, perdeu a paciência.
Mas a pista está ficando curta para novas decolagens de candidaturas adversárias. Nas contas de Dilma, só faltam um debate, o da TV Globo (o mais importante, pela audiência maior), e dois programas de TV dos rivais.
Logo, as chances de aparecer uma nova bala de prata capaz de abatê-la estão diminuindo.
(Original aqui.)