Veja o texto A Sociedade Globalizada
Autor: O. Ianni
A partir da Segunda Guerra Mundial, houve o desenvolvimento de um amplo processo de mundialização das relações entre os países. Todas as esferas da vida social, coletiva e individual passam a ser alcançadas pelos problemas e dilemas da globalização.
O fenômeno de globalização já vem ocorrendo desde séculos anteriores. Ele já estava presente na vida das pessoas no período mercantilista, ligando cidades, países e continentes. A formação dos países americanos, africanos e asiáticos seguiu um padrão definido pelos europeus, os países dominantes. O objetivo era a reprodução ampliada do capital, concentrando-o e centralizando-o.
Pode-se distinguir três formas do capitalismo. A primeira é a forma nacional, com a revolução capitalista operando-se dentro das fronteiras do Estado e ajudando a consolidar as fronteiras do mesmo. Nesta fase há a separação entre trabalhador e propriedade dos meios de produção.
Na segunda fase há uma “expansão de fronteiras”, com as forças produtivas buscando outras e novas fontes de lucros. Como exemplo temos o colonialismo e o imperialismo, nomes dados à empreitada capitalista entre os séculos XV e XIX. Existem nações dominantes e dominadas, metrópoles e colônias.
Na terceira e última forma, o capitalismo atinge uma forma global. Além de existir dentro dos países e entre os mesmos, começa a haver a “comunidade global”, constituída dos cidadãos de todos os países. O Estado começa a declinar, mesmo os desenvolvidos, pois o centro decisório não é mais uma cidade ou um país, e sim uma empresa, e esta pode estar em qualquer lugar do planeta.
Os aspectos ditos “nacionais” passam a ter menos influência na vida das pessoas do que os aspectos “internacionais”. O capital internacional diminui o poder dos Estados nacionais burgueses e cria um poder estatal federal, um Estado burguês supranacional. Um exemplo é a União Européia, onde as idéias, a moeda e o território são comuns a todos.
Juntamente com o surgimento de uma nova sociedade global, há o surgimento de novos tipos de empresas. As empresas, tanto as públicas quanto as privadas, passam não só a produzir bens e serviços para serem comercializados, mas também a tomar decisões e influenciar as mesmas. Aspectos que antes eram de interesse de apenas um Estado nacional passa a ser relativo à harmonia da sociedade global.
Projetos de desenvolvimento nacional, como o cardenismo no México, o peronismo na Argentina e o varguismo no Brasil, não tiveram grande sucesso. Isto ocorre tanto por equívocos internos como também devido às pressões de interesses externos. Na época do grande capital financeiro, já não é mais possível o capitalismo nacional que teve êxito na época do capitalismo competitivo.
Também as tentativas socialistas não tiveram êxito, mesmo trazendo um certo desenvolvimento econômico e social, além da industrialização. Este êxito foi conseguido a duras penas, e chegou-se a um ponto de onde é impossível prosseguir.
Desta forma, o desenvolvimento autônomo e soberano feito por cada Estado é praticamente impossível. O Estado só consegue levar adiante um projeto próprio se este projeto estiver de acordo com as condições econômicas vigentes no plano internacional.
O Estado perde algumas das suas prerrogativas econômicas, políticas, culturais e sociais, debilitando-se. Ocorre a generalização da cultura “internacional-popular”, no lugar da cultura “nacional-popular”. Os produtos são feitos tendo em vista o mercado internacional, ou seja, eles têm de ser agradáveis a todos os tipos de civilizações e culturas. As condições de vida e trabalho e a maneira de ser, agir e pensar são modificadas para adequarem-se ao modelo global.
Ocorre também a globalização das classes sociais, dos movimentos sociais e partidos políticos, ideologias e utopias. Este desenvolvimento é feito de forma desigual e contraditória. O capital dissolve formas de vida e trabalho de ser e de pensar, em âmbito local, regional, nacional e internacional. Mesmo havendo uma certa resistência nacionalista, com a existência de traços nacionais em alguns aspectos, a sociedade global tende a prevalecer.
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Um abraço a todos e até a próxima!
Prof. Matheus Passos