Com a estratégia de evitar a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o governo conseguiu cancelar algumas comissões nesta quarta-feira. Irritados com a atuação do governo para blindar Palocci, a oposição foi a plenário e apresentou dois requerimentos para que o ministro compareça à Casa e dê explicações sobre sua evolução patrimonial.
Por 266 votos contra, 72 a favor e 8 abstenções, o plenário rejeitou o requerimento apresentado pelo DEM que pedia convocação de sessão extraordinária para que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, explicasse ao Congresso a evolução patrimonial. Em votação simbólica, outro requerimento apresentado pelo líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), também foi rejeitado.
Os partidos da base e o PV encaminharam contrários a votação do requerimento. Os partidos da oposição – PSDB,DEM, PPS e PSOL – votaram favoráveis. Em 2010, o ministro adquiriu, em nome de sua empresa de consultoria, um apartamento de R$ 6,6 milhões e de um escritório de R$ 882 mil em São Paulo.
O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a oposição vem agindo na tentativa de desmoralizar o governo Dilma. Ele informou que até mesmo na Comissão de Agricultura foi feito pedido para convocação de Palocci.
– O que está acontecendo nesta Casa é que a oposição declarou guerra e entra em um caminho muito perigoso. Estão fazendo oposição ao país. Não gostam da presidente da Dilma, não gostavam do Lula, e pelo jeito não gostam do país – disse Vaccarezza.
O líder do governo afirmou que Palocci já deu todas as explicações. Ele fez um apelo aos partidos da base para que todos votarem contra os requerimento que pedem a convocação do ministro-chefe da Casa Civil.
– Quero pedir a maioria desta casa para dar uma resposta clara. Vamos votar todos os requerimentos da oposição que apenas tenta prejudicar o governo Dilma – disse o líder do govenro, que também anunciou que a votação do Código Florestal está marcada para terça-feira à noite.
O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ) , afirmou que o partido vota sim porque é contra qualquer tipo de blindagem ao ministro Palocci.
– O ministro deve explicações à Casa – afirmou Chico Alencar.
Governo consegue cancelar várias comissões
O descontentamento da oposição começou quando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara cancelou a sessão que seria realizada a partir das 9h30m desta quarta-feira, na qual poderiam ser votados requerimentos de convocação de Palocci. O presidente da comissão é Sérgio Brito (PSC-BA), que pertence à base governista.
Os deputados e os jornalistas que chegavam para acompanhar a sessão eram informados, por meio de um cartaz fixado na porta da sala, que ela não seria realizada, por conta de uma sessão extraordinária no plenário, convocada na terça-feira à noite, para as 9h desta quarta-feira. Esta não é uma prática comum, já que a praxe é dar início às comissões e, caso tenha quórum no Plenário, as sessões são interrompidas.
No entanto, às 9h50m, quando a sessão na Comissão de Fiscalização Financeira já estava cancelada, o plenário ainda não tinha quórum. Apenas 102 dos 513 deputados tinham marcado presença. Ou seja, a sessão na comissão poderia ser realizada.
Outras comissões também foram canceladas, como a de Desenvolvimento Econômico. A estratégia do governo é evitar qualquer tipo de surpresa com uma convocação inesperada de Palocci.
Oposição espalha cartazes contra Palocci e seguranças retiram
Ao saberem dos cancelamentos em algumas comissões, membros da oposição começaram a colar cartazes com o dizer “Blindagem do Palocci”. No entanto, logo depois, seguranças da Câmara começaram a tirar os cartazes, informando que, sem a permissão da direção da Casa, não é possível fazer esse tipo de protesto. A colagem de cartazes só é permitida na porta do gabinete do próprio deputado.
A presidente em exercício da Casa, Rose de Freitas (PMDB-ES), convocou os líderes de partido para uma reunião, mas a oposição não compareceu. Segundo o líder do DEM na CÂmara, ACM Neto (BA), a oposição não senta mais à mesa com o governo enquanto continuar o que eles chamam de “golpe”.
– A presidente Rose me chamou para conversar, mas eu disse a ela que o diálogo está suspenso. Não conversamos com golpes – disse o líder do DEM.
– Mais cedo ou mais tarde as sessões serão retomadas e o requerimento será votado. O governo joga com a lógica do esquecimento, mas é pior para o Palocci, que continuará em evidência. Se o governo tem maioria, que nos derrote, mas que não tente ganhar por WO, porque isso é um golpe no Parlamento.
A indignação do líder do DEM foi reforçada por outros companheiros de oposição.
– É golpe. Isso nunca aconteceu antes – disse Vanderlei Macris (PSDB – SP), que apresentaria um requerimento para a convocação de Palocci na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
(Original aqui.)