Sobre a notícia abaixo:
Por um lado, haverá aqueles que dirão que o Brasil está jogando dinheiro fora, que o Brasil é um país em desenvolvimento e precisa usar o dinheiro em questões mais produtivas — como educação, saúde, habitação, transporte… –, e haverá até mesmo aqueles que dirão que o Brasil está se tornando um país imperialista por estar fazendo parte do “clube de exploradores” do qual o FMI é composto.
Por outro, haverá aqueles que dirão que tal empréstimo nada mais é do que o reflexo do novo patamar internacional alcançado pelo Brasil, e que se o Brasil quiser ser “grande” deve, sim, participar do “clube de amigos” internacional — da mesma forma que o país vem aumentando sua influência em outros fóruns internacionais, como o G20.
Qual das duas opiniões é a correta? Acredito que ambas, mas escolho a segunda. No âmbito internacional, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, como diria o grande filósofo Ben Parker, e se o Brasil quer efetivamente exercer algum papel internacional, terá de arcar com os custos. Não há apenas bônus, mas também ônus, e este é um deles.
Por outro lado, acho que, ao entrar no “clube”, o Brasil poderia tentar, lentamente, alterar a estrutura do sistema. Talvez isso soe utópico, mas acredito que valeria a pena o Brasil ter uma postura mais “humanista” dentro do FMI, tentando fazer mudanças vinculadas à ética por meio do exemplo. É claro que não mudaria tudo de uma vez, e é bem provável que se tornasse um voto vencido em várias situações. Mas é a chance que o país tem de se mostrar como alguém a ser seguido: já que não há como mudar pela força — física ou econômica –, que mude pelo exemplo, como lentamente a Europa faz. Afinal de contas, mudanças são mais que necessárias nesse nosso mundo — em termos políticos, econômicos, sociais e, principalmente, éticos.