Os demais 478 eleitos no domingo contaram com os votos somados do partido ou coligação para atingir a votação necessária para a eleição de um parlamentar. Só Russomanno elegeu mais quatro deputados. Veja quem se elegeu sozinho.
Muitas vezes me perguntam o motivo de não se ocorrer uma verdadeira reforma política no sistema eleitoral brasileiro. Esta reportagem do Congresso em Foco responde à pergunta. Afinal, para que alterar um sistema que beneficia tantos parlamentares? Ou, em outras palavras, como esperar que a maioria altere o sistema se esta mesma maioria se beneficia do sistema?
E veja que estou aqui falando apenas do sistema eleitoral. Fora outras questões, como o financiamento de campanha, tempo de tv, organização dos partidos no Congresso Nacional, dentre outros.
Dos 513 deputados federais que vão compor a Câmara a partir do próximo ano, apenas 35 (6,8%) receberam votos suficientes para se elegerem sozinhos. Os demais alcançaram o mandato com a soma dos votos dados à legenda ou de outros candidatos de seus partidos ou coligações.
Dono agora da segunda maior votação da história da Câmara, com 1,5 milhão de votos, Celso Russomanno (PRB-SP) conseguiu não só voltar à Cassa como elegeu outros quatro deputados de seu partido: o cantor sertanejo Sérgio Reis (PRB-SP), que recebeu 45.330 votos, Beto Mansur (PRB-SP), com 31.305, Marcelo Squasoni (PRB-SP), com 30.315, e Fausto Pinato (PRB), com 22.097 votos.
O deputado reeleito Tiririca (PR), que foi o segundo mais votado este ano, puxou mais dois candidatos de seu partido para a Câmara: Capitão Augusto (PR), com 46.905 votos, e Miguel Lombardi (PR), com 32.080. O humorista recebeu mais de 1 milhão de votos.
Ao todo, 478 deputados não alcançaram sozinhos o chamado quociente eleitoral, que é a quantidade necessária de votos para a eleição de um parlamentar. O quociente é definido pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas que cabe a cada estado. No caso de São Paulo, o mínimo para a eleição de um deputado este ano foi de 299,9 mil votos (número obtido pela divisão dos 20,99 milhões de votos válidos pelas 70 cadeiras da bancada). No caso de Tiririca e Russomanno, por exemplo, as sobras foram rateadas entre os companheiros de partido.
Estados e partidos
De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), os estados em que mais candidatos conseguiram alcançar o quociente eleitoral foram São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – cinco cada. Quatro pernambucanos também obtiveram sucesso apenas com os próprios votos. Na Paraíba, foram três. No Ceará, em Goiás e em Santa Catarina, dois. Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Sergipe e Roraima tiveram apenas um deputado entre os que atingiram a marca. No Distrito Federal e nos demais estados, ninguém foi eleito sozinho.
Ainda segundo o Diap, os partidos que mais tiveram parlamentares eleitos com os próprios votos foram: PSDB (6), PT, PMDB e PP (4 cada), DEM (3), PR, PSB e PSD (2), PRB, PSC, Psol, PTB, PTN e SD (1 cada). Em 2010, 36 deputados se elegeram sem a necessidade de contar com os votos da legenda ou coligação; em 2006, foram 32; e em 2002, 33.
(Original aqui.)